Entrevista: Ladulfo Almeida
Oi, gente!
Mais uma vez volto aqui com uma entrevista para vocês! O entrevistado dessa vez é o parceiro Landulfo Almeida, autor de "As Duas Faces do Destino", o livro do Top Comentarista do mês passado e que eu recomendo a todos!
Quando eu era criança, meu pai
tinha uma biblioteca em casa que ocupava duas paredes. Aquilo exercia um
estranho fascínio em mim. Um belo dia, instigado pelo meu programa de televisão
favorito, “O Sítio do Pica-pau Amarelo”, pedi a meus pais que comprassem um dos
livros da série de Monteiro Lobato. Salvo engano, não foi preciso. “As
Reinações de Narizinho” estava lá. Não fui um leitor ávido na infância, mas lia
mais do que a maioria de meus amigos. Na adolescência me afastei da leitura até
entrar na faculdade. Foi quando li “As Brumas de Avalon” e me apaixonei
verdadeiramente pelos livros. Percebi quão mágico, profundo e inteligente um
livro podia ser.
Quando
você começou a escrever? Quando decidiu ser autor?
Eu sempre gostei de
escrever. Escrevia críticas sobre filmes na época de faculdade (sempre amei o
cinema). Não mostrava para quase ninguém. Depois de formado me envolvi tanto
com as atividades profissionais que acabei me distanciando da escrita. Eventualmente
registrava uma ideia. Porém, não conseguia tempo para desenvolvê-la. Quando
minha filha nasceu resolvi diminuir o ritmo de trabalho e, como consequência
natural, voltei a escrever. Criei uma série de histórias para ela: “As
histórias da princesa Lulu”. Depois passei a registrar várias ideias de
potenciais livros. Contudo, foi apenas quando reorganizei completamente minha
atividade profissional, liberando preciosas horas durante o dia, que pude dar
vazão ao forte desejo de colocar em papel uma grande história. Mesmo assim, não
pensava em ser escritor. Somente depois das primeiras cinquenta páginas é que o
sentimento cresceu em mim. A vontade de continuar fazendo aquilo todos os dias.
De repente, escrever se tornou uma necessidade, uma terapia.
Quais
são suas inspirações para escrever? Tem algum autor como referência?
Vários autores e obras
servem de inspiração e referência. Cada um deles possui um traço característico
que admiro e que me influencia. Dentre
eles posso citar George R.R. Martin, Stieg Larsson, Jeffrey Archer, Stephen
King, Anne Rice, Marion Zimmer Bradley e J.K. Rowling.
Posso listar alguns livros
que me marcaram. A trilogia “Millennium” de Stieg Larsson; “Caim &Abel” e
“A filha pródiga” de Jeffrey Archer; “As brumas de Avalon” de Marion Zimmer
Bradley (os quatro livros); “O vampiro Lestat” e “A rainha dos condenados”, das
crônicas vampirescas de Anne Rice; “As Crônicas de Gelo e Fogo” de George R.R.
Martin; “Labirinto” de Kate Mosse; e “Harry Potter” (o conjunto).
Qual foi
sua inspiração para escrever “As Duas Faces do Destino”?
Provavelmente a inspiração veio de um documentário chamado “O universo
elegante” que fala da teoria das cordas e da possiblidade de existirem
múltiplos universos. Mas, não se apresentou de forma tão direta. As ideias me
vêm na forma de imagens, como em um filme. Um belo dia eu corria no mesmo lugar
onde Bruno e Adrianna se encontram pela primeira vez e a cena do primeiro
capítulo do livro me veio à mente. Como na época eu já havia assistido “o
universo elegante” e muitos outros documentários sobre teoria das cordas e
universos paralelos, as ideias se uniram e o roteiro básico do livro se formou
logo em seguida. Cheguei em casa e comecei a escrever.
Como foi a
experiência de criar Aqua? Como foi a
preparação para escrever o livro?
Aqua foi um desafio. Não posso falar muito para não estragar a surpresa
de quem ainda não leu “As duas faces do destino”, mas tudo no planeta precisava
fazer sentido com sua história evolutiva. Tanto a situação tecnológica e
cultural quanto a geografia precisavam estar de acordo com a narrativa descrita
no livro. Também deviam explicar a motivação e a personalidade dos personagens
oriundos de lá. Como gosto de manter o máximo de realismo dentro da fantasia
criada, precisei escrever muito mais sobre o planeta em meus registros do que
aparece no livro. Foram muitas horas gastas em pesquisa sobre a evolução
geológica do nosso planeta para criar outro parecido, porém diferente.
Outros assuntos como teoria das cordas, negócios milionários, ambiente
corporativo, e o futuro da medicina já eram assuntos de meu interesse, mas
precisaram de aprofundamento antes de ser mencionados no livro. Assisti
novamente a documentários, pesquisei novas fontes de informação, consultei
médicos e li reportagens. Como já conhecia bastante sobre cada um desses
assuntos, esse aprofundamento aconteceu conforme eu escrevia a história.
Entre a primeira palavra e a finalização foram três anos, com uma pausa
de seis meses, aproximadamente, nesse período. A inexperiência me prejudicou.
Após estabelecer a premissa inicial e escrever os primeiros capítulos, tive que
parar para compor o roteiro detalhado da história. Foi preciso gerar arquivos
de apoio e planilhas para manter a cronologia adequada e coerente dos fatos.
Afinal, a história se passa num período aproximado de sete anos, quando a vida
de todos os personagens muda completamente. Foi um aprendizado, pois perdi
muito tempo nessa reorganização. A partir daí, as coisas foram surgindo em
concordância com as necessidades da história.
Hoje tenho um método de registro que facilita o trabalho e torna mais
rápidas as consultas necessárias.
Você pensa em escrever mais algum livro?
Poderia nos contar um pouquinho sobre o que está planejando para os próximos
anos?
Espero finalizar este ano o meu
novo romance. Trata-se de uma história repleta de mistério. Uma antiga lenda
indígena e pinturas rupestres encontradas em uma gruta escondida na Amazônia
são peças do quebra-cabeça que o leitor precisará decifrar. Não é uma obra de
ficção científica. Espero que gostem! Com alguma sorte conseguirei publicar no
ano seguinte.
Tenho um resumo pronto do que
poderia ser uma continuação de “As duas faces do destino”. Talvez invista nele
em seguida.
Quais
são as maiores dificuldades que um autor brasileiro enfrenta hoje em dia?
A única coisa fácil, por assim
dizer, é escrever. O resto é sempre difícil. Dito isso, é mais fácil publicar
hoje que no passado. Se o autor não conseguir uma editora para assumir o
projeto ele pode optar pela autopublicação tradicional, publicação paga ou
compartilhada com uma editora ou mesmo autopublicação em meio digital. Os
caminhos possíveis são muitos. Sendo assim, elencaria a distribuição e a
divulgação como os maiores obstáculos. Conseguir presença das livrarias e espaços
de destaque é muito difícil. O espaço reservado aos autores estrangeiros de
ficção ainda é significativamente superior aos nacionais.
Como
você vê a literatura brasileira atualmente? Quais são suas expectativas quanto
à ela?
Somos um país em transformação nesse aspecto.
Embora não tenha acesso a pesquisas mais recentes que 2011, que apresentam
números ruins quanto ao número de leitores de ficção, acredito que estamos
melhorando. Tanto no número de leitores quanto na participação da literatura
nacional de ficção nesse número. Acredito que cresceremos ainda mais graças à
quantidade de autores nacionais que estão sendo publicados, muitos deles
excepcionais, às ferramentas de divulgação proporcionadas pela internet, e ao
crescimento da participação do livro digital, ainda irrisória, nas vendas de
livros.
O que está por vir e pode mudar tudo são os
filmes. Autores como André Vianco, Thalita Rebouças e Carina Rissi terão obras
adaptadas para cinema e TV. Espero que isso aumente exponencialmente a venda de
livros desses autores e crie um círculo virtuoso capaz de se expandir para
muitos outros excelentes talentos nacionais.
Você
faz parte do grupo “Infinito Criativo das Letras”. Você acha que o grupo ajuda
na divulgação da literatura nacional?
Com certeza. Embora falemos em nossa página sobre diversos
assuntos, no âmbito nacional e internacional, nossos maiores projetos tem foco
na discussão da literatura nacional.
Nos programas hangout on air “Na Mira dos
Autores” e “Eu Leio Brasil”, eu, Leonardo Barros, Marcelo Hipólito e Janaina
Rico entrevistamos escritores nacionais famosos e expoentes em crescimento. Apresentamos
novos autores para os leitores ou os conectamos a seus fãs. Nomes consagrados
como André Vianco e Thalita Rebouças, e talentos proeminentes como Laura
Conrado, Carina Rissi, Marina Carvalho, Sérgio Pereira Couto, Maurício Gomyde e
tantos outros, já foram entrevistados.
Com um autor convidado a cada programa,
debatemos no “Papo de Escritor” a literatura a partir do ponto de vista de
cinco autores nacionais.
Todos os programas ficam gravados. É só acessar
as playlists do canal do Infinito Criativo das Letras no youtube.
Qual
a importância dos blogs literários hoje em dia, na sua opinião?
É o elemento mais importante para a divulgação
do autor nacional na Internet. Sem sombra de dúvida. Os melhores blogs,
comprometidos e profissionais, são um verdadeiro oásis na experiência de
divulgação para um escritor. Atingem um público grande e são formadores de
opinião. O Own Mine é um deles. Fui muito feliz em encontrá-lo em minha vida
literária.
Infelizmente, ainda é pouco para mudar os
números de venda dos livros nacionais de ficção. Espero que o futuro valorize
esses blogs e permita que expandam suas atividades para outras mídias e
formatos.
Tem
alguma dica para quem tem vontade de publicar um livro?
Não desanime. Apure ao máximo seu original.
Pague uma boa revisão. E mande para todas as editoras que se adequarem ao seu
gênero literário e estilo. Inscreva-o nos concursos literários. Busque opções
de autopublicação, se for viável para você. Enfim, acredite e acontecerá.
Sei
que essa pode ser uma pergunta difícil, mas qual seu livro preferido?
Realmente é impossível citar apenas um e me
considerar verdadeiro. Citarei uma série e um livro que me marcaram
profundamente. A série Millennium de Stieg Larsson e Caim & Abel de
Jeffrey Archer.
Qual
livro nacional você recomenda? Por quê
Tarefa ainda mais difícil. Prefiro sugerir um
para cada gênero. O chick-lit “Apimentando” de Janaina Rico, o policial
“Presságio – O assassinato da freira nua”, de Leonardo Barros, a fantasia “O Mago de Camelot” de Marcelo Hipólito, a série infanto-juvenil “Minha Vida Fora
de Série” de Paula Pimenta (esses eu não li, mas minha filha amou) e a aventura
vampiresca “Os Sete” de André Vianco. Indico todos pelo mesmo motivo, são
originais, bem escritos, e prendem o leitor.
Você
gostaria de deixar algum recado para os leitores do blog?
Queria agradecer à Andrea pela oportunidade de
responder a essa entrevista. Perguntas interessantes que me dão a oportunidade
de expor opiniões além de permitir aos leitores me conhecer um pouco mais.
Adoro esse blog!
Dito isso, sugiro sempre a todos os leitores que
não se prendam a nada. Nem à nacionalidade do autor nem ao gênero literário.
Como disse acima, uma obra que me marcou profundamente é de um autor Sueco, amei
“A Cabana”, uma história com temática religiosa, e adorei “Apimentando”, que é
um chick-lit, gêneros que normalmente não leio. Existem pérolas por aí. É só
dar uma chance a elas.
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