Hoje trago mais uma entrevista para vocês, dessa vez com a fofa da Camila Dornas, autora de "A Linhagem" e de "Subconsciente", que será lançado na Bienal de São Paulo.
Como foi seu primeiro contato com a leitura? Você
já lia na infância?
Minha mãe costumava ler pra mim antes que eu
dormisse. Essa é uma das primeiras lembranças que eu tenho, ela com um livro na
mão, me incentivando a me apaixonar por aquele mundo, mesmo que ela nem
gostasse tanto assim. Mesmo na infância, eu já era uma leitora compulsiva. Acho
muito importante que as crianças tenham isso hoje em dia.
Quando você começou a escrever? Quando decidiu
ser autora?
Sempre gostei de escrever, desde muito pequenininha mesmo,
escrevia sobre tudo. Começou como uma válvula de escape, uma forma de lidar com
meus sentimentos, meus medos e esperanças. Nunca foi algo que planejei, gostava
de escrever, encontrei naquilo uma felicidade simples e verdadeira. Mesmo se
nunca tivesse publicado um livro, escreveria por que é algo pelo qual sou completamente
apaixonada. No entanto, um dia, uma ideia me surgiu, e ela não me deixava, de
maneira alguma. Assim, surgiu A Linhagem. Foi quando eu soube que realmente
queria ser escritora.
Quais são suas inspirações para escrever? Tem
algum autor como referência?
Minha inspiração vem de milhares de lugares
diferentes. Sempre fui apaixonada por clássicos, Jane Austen, Charlie Dickens,
Emily BrontË, entre outros. Gosto de livros atuais também, adoro Cassandra
Clare, choro até soluçar com os livros do John Green, e não resisto de maneira
alguma a um livro do David Levithan. Se fosse citar todos os autores que me
inspiraram, iria escrever um livro inteiro (risos).
Qual foi sua inspiração para escrever “A Linhagem”? E
“Subconsciente”?
A inspiração é uma coisa
maluca. A Linhagem veio de um lanche, um desenho e um guardanapo. Subconsciente,
por exemplo, veio de uma outra paixão minha, a fotografia. Estava procurando
algumas novas imagens para decorar meu quarto, e, assim, de maluquice mesmo,
decidi me inspirar na Primeira Guerra Mundial. Procurei algumas imagens, e me
deparei com uma fotografia de uma garota em uma mesa, um cigarro entre os
lábios vermelhos, aquele ar de melindrosa e os cabelos curtos como em um livro
de Fitzgerald. Me apaixonei imediatamente. Comecei a imaginar a história
daquela garota, quem ela era, por que parecia tão triste. E assim, surgiu Olga
Chevalier.
Evangeline é uma personagem forte e determinada. Você se
inspirou em alguém para cria-la?
Em muitas maneiras, Evangeline compartilha um
pouco de mim, de minhas crenças, da minha impetuosidade. Mas em algum ponto da
história, ela se tornou tão independente, tão definida em minha mente, que foi
como se tomasse vida própria, e mesmo que detalhes sobre ela tenham sido inspirados
em amigos, em um estranho na rua fumando um cigarro, em uma garota qualquer
perambulando por uma rua vazia, ela se tornou tão ela que ficou impossível
compará-la à pessoas que eu conhecia.
Seus livros não passam nos dias atuais. Como foi
o trabalho de pesquisa para inserir os personagens no contexto dos livros?
Foi bem complicado,
passei bastante tempo e horas em claro em frente ao computador, ou com a cara
escondida em livros em alguma biblioteca. Mas eu simplesmente amo esse processo
de pesquisa, quase tanto quanto a escrita em si. Aquela sensação de entrar aos
poucos em uma outra época, outros costumes, não tem preço.
Você pensa em publicar algum outro livro?
Poderia nos contar um pouquinho sobre o que está planejando para os próximos
anos?
Sim, escrever é uma
paixão, e acho que não consigo mais deixar de lado. No entanto, conforme eu
mesmo vou mudando, meus livros também vão. Acredito que meu próximo trabalho,
que já está finalizado, vai encantar e surpreender os leitores. É diferente do
que eu geralmente escrevo, e é um projeto mais pessoal, mais reflexivo. Espero
poder contar mais em breve. No momento, já tenho bastante histórias
perambulando aqui na minha cabeça, esperem e vejam!
Quais são as maiores dificuldades que um autor
brasileiro enfrenta hoje em dia?
A aceitação dos leitores ainda é um problema. As
pessoas preferem apostar naquilo que já conhecem. Conseguir espaço nas
livrarias também é complicado, mas estamos mudando essa realidade todos os
dias, e os blogueiros são uma grande parte disso. Acho incrível ver o quanto o
apoio de vocês tem crescido, não sei o que faríamos sem vocês.
Como você vê a literatura brasileira atualmente?
Quais são suas expectativas quanto à ela?
Estamos em fase de crescimento. A cada dia, vejo
o quão unidos os autores estão se tornando, o empenho que todos nós temos, como
uma comunidade, é incrível. Conheci pessoas maravilhosas e muito talentosas em
meu tempo como autora, e acredito que essa união vai impulsionar a literatura
nacional cada dia mais longe.
Foto tirada no Evento do Trilhando Páginas em São Paulo! |
Você faz parte do grupo “Trilhando Páginas”.
Você acha que o grupo ajuda na divulgação da literatura nacional?
Sim, sinceramente acredito. As autoras que fazem parte do
grupo comigo, Bhya, Denise, Eleonor, Bruna, Keila e Mari, são meus anjos da
guarda. Sem mencionar minhas fiéis escudeiras e consultoras de homicídio (de
personagens, é claro) haha. O grupo vai muito além de apenas divulgar nossos
livros, queremos mostrar para os leitores que apostar na literatura nacional
vale a pena.
Você foi a primeira autora parceira aqui do Own Mine, e eu
fiquei muito feliz quando fechamos a parceria! Qual você acha que é o papel dos
blogs literários atualmente?
Vocês são grandes formadores de opiniões. Ter a
ajuda e o apoio de blogueiros durante esse ano foi essencial para mim. Hoje em
dia, com uma sociedade conectada o tempo todo, ter blogueiros como você
apoiando a causa faz uma diferença enorme. Eu tive sorte de ter os parceiros
mais incríveis, e agradeço todos os dias por isso.
Tem alguma dica para quem tem vontade de
publicar um livro?
Vai ser difícil, alguns
momentos te farão querer desistir. O mercado ainda é complicado para um autor
nacional, mas ele cresce a cada dia, e se você tiver a coragem e determinação
para lutar por aquilo que você ama, o céu é o limite.
Sei que essa pode ser uma pergunta difícil, mas
qual seu livro preferido?
Jesus do
céu, minha nossa senhora da bicicletinha, que pergunta complicada. Dentre
outros, um dos meus livros favoritos é Belle, da Lesley Pearce, por ser um
livro tão brutalmente verdadeiro e por uma personagem tão forte, e imperfeita.
Esse livro me marcou profundamente, e é um dos meus favoritos. Gosto muito de O
retrato de Dorian Gray também, O caçador de Pipas, Nick e Nora, Orgulho e
Preconceito, e por aí vai.
Qual livro nacional você recomenda? Por quê?
Recomendo os livros da Carina Rissi pra quem
gosta de romance. Para quem quer chorar até desmaiar com tamanha perfeição,
recomendo os livros da Samantha Hotz, precisei de muitas caixas de bombom para
recuperar meu coração depois de lê-los. E para os amantes de fantasia,
recomendo os livros das minhas colegas, Denise Flaibam, Keila Gon e Bruna
Camporezi. Ufa! Nunca consigo escolher um livro só! (risos).
Muito obrigada pela entrevista! Você gostaria de
deixar algum recado para os leitores do blog?